Mundo Giro

Posts Tagged ‘interdependência

Artigo cedido e inicialmente publicado no Portal dos Pais.

1. Fazer perguntas

Uma competência importante que desejamos que os nossos filhos desenvolvam é saber aprender e, acima de tudo, saber auto-aprender, ou seja, aprender de forma independente, sem estar necessariamente num contexto educacional, como a escola, por exemplo.
O primeiro passo na auto-aprendizagem é saber fazer perguntas. Felizmente, as crianças fazem isto de forma natural, pois são muito curiosas e gostam de questionar.
Encoraje-as a perguntar! Quando encontram algo novo, procure fazer perguntas em conjunto, explorando as possíveis respostas com a criança. E quando a criança lhe faz perguntas, recompense-a. Dê-lhe atenção, responda-lhe com detalhes relevantes e apoie a sua reflexão.

2. Resolver problemas

Se uma criança sabe resolver problemas, pode ter qualquer emprego. Uma nova tarefa ou um novo emprego pode ser intimidativo, mas é, de facto, apenas um outro problema por resolver. Uma nova competência, um novo ambiente, uma nova necessidade… Ensine os seus filhos a resolver problemas, dando-lhe pequenos casos para resolver. Deixe-os pensar sobre a solução – não os socorra imediatamente. Deixe-os considerar várias soluções possíveis e recompense esse esforço. Só assim irão desenvolver a confiança nas suas habilidades e resolver com sucesso tudo que lhes apareça pela frente.

3. Realizar projetos

Trabalhe projetos com os seus filhos, demonstrando-lhes primeiro como pode ser feito e depois deixando-os trabalhar cada vez mais de forma autónoma. À medida que ganham confiança, deixe-os realizar outros sozinhos, de forma independente e verá que, em breve, a sua aprendizagem será uma série de projetos para quais se sentem apaixonados.

4. Encontrar a paixão

Ajude o seu filho(a) a descobrir coisas pelas quais se sente apaixonado(a) – mesmo que para isso experimente uma série delas até encontrar a que goste. Quando as encontrar, ajude-o(a) a desfrutar os momentos de realização. Encoraje todos os seus interesses, tornando-os divertidos e recompensadores.

5. Ser independente

As crianças devem aprender a ser independentes. Progressivamente, através de pequenas coisas que vão fazendo sozinhos. Ensine-os a fazer, dê o exemplo, ajude-os a fazer, ajude-os menos e deixe-os cometer os seus próprios erros. Deve incentivar a confiança neles próprios, deixando-os ter sucessos e resolver as suas falhas. Uma vez que aprendem a ser independentes, aprendem que não precisam de um professor, um pai ou um chefe para lhes dizer o que precisam de fazer. Conseguem gerir-se sozinhos, ser livres e descobrir o caminho.

6. Ser feliz consigo próprio

Muitos pais levam os filhos ao colo por muito tempo, mantendo a “trela” apertada, fazendo-os contar com a sua presença para se sentirem felizes. Assim, quando a criança cresce não sabe ser feliz – tem que encontrar alguém, seja um(a) namorado(a) ou amigo. Se isso falha, transfere a sua ideia de felicidade para coisas externas — compras, comida, jogos, Internet, etc. Mas, se a criança aprender desde cedo que pode ser feliz estando apenas com ela própria, brincando, lendo, imaginando, tem a melhor competência que existe. Permita-lhe ter privacidade e ter tempo (por ex. à noite) quando os pais e filhos têm atividades independentes.

7. Interdependência

O mundo é cada vez mais interdependente, pelo que precisamos de saber viver e trabalhar bem com outras pessoas, assim como ter consciência da interdependência dos vários sistemas existentes na Terra. Demonstre com pequenos exemplos a interdependência na seio da família, na natureza, na sociedade, no planeta. Por ex. estimule a criança a procurar ligações entre elementos que, aparentemente, não têm nada haver um com o outro.

8. Compaixão

É importante  interessarmo-nos pelos outros e sentirmo-nos felizes ao fazê-los felizes. Dar exemplos de compaixão é a chave. Demonstre sempre compaixão aos seus filhos e a outras pessoas. Demonstre empatia, fazendo perguntas sobre como se sentem, pensando alto sobre como acha que outros se sentem. Mostre como é possível fazer alguém feliz sempre que possível; como fazer os outros felizes com pequenos gestos de bondade e, como isso, pode deixá-lo igualmente feliz.

9. Ser tolerante

Exponha os seus filhos a todos os tipos de pessoas, de diferentes raças, religiões ou sexualidade, até de diferentes condições mentais ou físicas. Demonstre-lhes que é natural existirem vários tipos de pessoas, que é OK ser diferente e que as diferenças são para ser celebradas, pois a variedade faz a vida mais bonita e mais enriquecedora.

10. Lidar com mudança

A mudança é a realidade de hoje  e esta competência é cada vez mais necessária – saber adaptar à mudança, lidar com ela, navegar pelos seus mares é uma vantagem competitiva. Esta é uma atitude que mesmo nós, pais, estamos ainda a aprender, pois nunca nos foi formalmente ensinada.

A rigidez não ajuda num ambiente em mudança, mas a flexibilidade sim. Mais uma vez, dar exemplos às crianças demonstrando que a mudança é boa e que nos podemos adaptar, abraçando as novas oportunidades. A vida é uma aventura e as coisas vão correr diferente do que estávamos a espera, diferente dos planos que fizemos. É mesmo essa a parte mais interessante e enriquecedora e é importante saber aproveitá-la e vivê-la da melhor forma.

De facto, não podemos  dar às nossas crianças um kit de aprendizagem ou prepará-los para uma carreira ou um emprego que não sabemos se vai existir. Mas podemos ensiná-los a se adaptarem às circunstâncias, a aprender com tudo e sobre tudo, a resolver os problemas que lhes apareçam, a saber viver com paixão… e daqui a 20 anos agradecer-nos-ão por isso.


Imagine um Mundo Giro onde acontece uma feira de brinquedos entre miúdos, onde eles aprendem noções de valor?

É um projeto social, sem fins lucrativos, lúdico e sobretudo educativo.